INTRODUÇÃO
A tuberculose é uma doença multissistêmica que tem como agente etiológico o Mycobacterium tuberculosis. Essa bactéria, na maioria dos casos, aloja-se nos pulmões, embora possa acometer outros órgãos como os olhos, a pele e os ossos, destruindo-os gradativamente. No caso específico da tuberculose ocular, a abordagem de seu tratamento é geralmente aquela utilizada para a tuberculose pulmonar, a qual consiste na administração oral de rifampicina e outros agentes antituberculosos. Tal procedimento não garante a cura desse caso específico; no entanto, devido às barreiras oculares, o desenvolvimento de um produto tópico (via ocular) requer a superação de importantes desafios, como, por exemplo, os próprios mecanismos de proteção e barreiras fisiológicas do olho.
A rifampicina é um antibiótico semissintético obtido a partir da rifampicina B 3-(4-metil-1-piperaziniliminometil), com ação bactericida de amplo espectro, mas baixa solubilidade em água, o que impede a sua veiculação em formas farmacêuticas convencionais para aplicação tópica, como colírios e suspensões. As nanoemulsões têm sido consideradas uma possível solução ao problema, uma vez que os produtos resultantes desta preparação inovadora podem conter fármacos hidrofóbicos como a rifampicina, além de apresentar baixa viscosidade, boa aparência e versatilidade, permitindo assim obter formulações com benefícios biofísicos e sensoriais às preparações oftálmicas, tais como maior tempo de retenção do produto na superfície ocular.
Tendo em vista a imperiosa necessidade de uma terapia adequada da tuberculose ocular e outras infeções secundárias oftálmicas, o presente invento objetivou o desenvolvimento de uma nanoemulsão contendo rifampicina e polimixina B com potencial aplicação para o tratamento da tuberculose ocular por via tópica, o que permite o aumento do tempo de residência do produto na superfície ocular, possibilita o incremento da biodisponibilidade dos fármacos e aprimora sua eficácia e segurança.
APLICAÇÕES E PÚBLICO ALVO
A presente invenção se insere no campo da ciência médica e da nanotecnologia, mais precisamente no que se refere à produção de medicamentos com sistema de liberação modificada para tratamento da tuberculose ocular e infecções oftálmicas secundárias. Trata-se de uma novidade, uma vez que, até o presente momento, não foi constatado, no mercado ou em publicações científicas, preparação oftálmica nanoestruturada contendo rifampicina para o tratamento da tuberculose ocular.
Figuras -1. Diagrama demonstrando a interação entre a nanoemulsão de rifampicina e polimixina B com a superfície ocular;
2. Nanoemulsão contendo 0,1 % m/m de rifampicina imediatamente após a preparação (A) e após 210 dias (B) de armazenamento a temperatura de 20 ± 5°C e acondicionamento em frascos de borosilicato âmbar. Para a fotografia a nanoemulsão foi transferida para frascos de vidro transparente.
ESTÁGIO DE DESENVOLVIMENTO
Área: Saúde e Cuidados (Humanos e Animais); 0019/2018
Faculdade de Ciências Farmacêuticas - USP Polo São Paulo
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